terça-feira, 26 de maio de 2009

Eu não amo ninguém.

- Tô sem idéias pra atualizar o blog.

- Escreve isso aqui, ó.

Ele me manda a letra de “Preciso dizer que te amo”, do Cazuza. Eu escuto música como leio poesia: toda egocêntrica que sou, avalio as palavras na medida que elas conseguem pôr em versos ou linhas de partitura o que eu só sei dizer em prosa de jornalista. Li e ouvi, remexi o coração até bem lá no fundinho do baticum e não tinha ninguém lá. Pra quem eu “preciso dizer que te amo”? Cazuza falhou comigo hoje. Eu não amo ninguém.

O quê? Como assim? Já dá para ver os defensores da vida cor-de-rosa se agitando em passeata. É que dito assim fica radical, como se eu fosse mesmo megera e amarga sem pai nem mãe nem um amigo nessa vida. É claro que eu tenho, e provavelmente os amo. Eu falo do baticum descompassado no ritmo das borboletas que sem mais nem menos fazem casa no estômago das pessoas e ficam batendo asinhas quando o outro passa por perto. Tem vida que tem isso todo dia, não é? A minha não. pelo menos não agora. Ao contrário do Cazuza, depois de ano e meio de solteirice eu não tenho isso de não saber que hora dizer e dar um medo. Que medo?

Vai ver eu ainda vou achar alguém no meio do baticum. Só que aí não vai ser um amorzinho acanhado, encolhido lá no fundo de medo de ser percebido. Vai ser um grande demais e impossível de esconder, fogoso e escandaloso gritando em letreiro de neón multicolorido e arrebentando com artéria e tudo se eu não der jeito logo nas borboletas. Vai ser calor e calafrio, coração saindo pela boca ao mesmo tempo que a alma escorre na garganta. Quem disse que amor é calminho e pleno? Pode até ter sabor de fruta mordida todo amor que houver nessa vida, mas não é amor tranquilo. Acredito nisso não. Pode ter duzentos anos de idade, mas onde junta cromossomo X com Y, as borboletas estão lá.

Mas nesses últimos dias eu sou só pergaminho raspado esperando tinta pra fazer história nova. Só por enquanto, ah, por enquanto faz falta qualquer coisa que se sinta e ganhar ou perder. Com ou sem engano?

7 comentários:

Anônimo disse...

Você está escrevendo cada vez melhor. E sempre uma delicia apreciar os seus textos. :)

Anonimo_One.

Anônimo disse...

E... acho até que fico torcendo pra você não encontrar o tal alguém lá no fundo do baticum... E não é por mal, apenas acho que os melhores textos surgem desses momentos. É bem provavel que quando você encontrar alguém, o blog fique um pouco de lado.

E eu prefiro o Blog :p Ainda assim desejo (um pouquinho) que encontre alguém capaz de atiçar as borboletas. =D

Anonimo_One.

tiaselma.com disse...

Um grande amor está a caminho pro dia nascer feliz. Just wait and see.


Maravilha de post.

Beijocas.

Carolina Graça Mello disse...

:)))
esse anônimo é louquinho por ti, suzana!

Tangerine disse...

é nada. ele comenta aqui há mais de um ano. se fosse ele já teria dado um jeito de se fazer conhecido e dizer assim: "e aí, bora lá?" =D

Carolina Graça Mello disse...

ééguas, anônimo, chamou pra razão!

disse...

Olá,

Trabalho com teatro e estou iniciando um novo projeto de cena utilizando textos femininos. Um dos seus textos chamou minha atenção, levei ao grupo e todos gostaram e acharam interessante para nosso trabalho. Gostaria muito de sua autorização para que usássemos como parte de nossa produção. Infelizmente ainda não temos como pagar direitos autorais. O texto seria cedido.
O texto em questão é esse aqui mesmo, Eu Nao Amo Ninguém. Ele caiu como uma luva em meio as nossas idéias e só tem a acrescentar ao nosso trabalho!
Se concordar, te mando por e-mail uma declaração de uso e você me enviaria pelo correio preenchido e assinado.
Estamos em fase de produção com estréia prevista pra dezembro. Para que possamos dar continuidade a essa primeira fase precisamos de sua resposta em breve.
Agradeço muito e aguardo contato.
Renata Garcia
renatagarcia29@msn.com
Petrópolis, 15 de setembro de 2009.