quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fez um mês que eu voltei.

Ela desacredita pelo MSN. Também desacredita que junho já tá acabando e eu tô ouvindo a chuva do lado de fora da janela, ainda. Tampouco confia em mim quando eu falo que tem outro tornado formando, mas esse eu vi só na Internet e aí nem eu mesma acreditei.

E eu ainda tô redescobrindo a delícia de andar pela avenida Beira-Mar às quatro da tarde como se não houvesse nada de mais importante pra fazer na vida. É claro que tem, e se você me olhar andando na avenida Beira-Mar às quatro da tarde eu provavelmente estarei atrasada e pedavida porque ainda não passou nenhum ônibus. Lá não tinha ònibus, exceto os que saíam da rodoviária que era quase na porta de casa, e o pão de queijo era delicioso (especialmente os de Carolina) mas eu não tenho falta nenhuma disso.

Mas, sabe, tem saudade dela, que todo dia de manhã se arrumava me chamando até eu decidir levantar, quando faltava só dez minutos pra sair de casa. Aí ela perdia a carona junto comigo, porque a Barroland quase parece de asfalto quando a gente atravessa conversando a avenida Aeroporto (tá, eu exagerei, mas é um pouco assim).

Tem saudade de quando mesmo depois que a gente trocou os quartos, ela ia bater lá no meu e ficava deitada na minha cama falando no celular com o noivo dela. E de quando a gente esperava não ter ninguém em casa pra botar altão “música de lavar roupa” e fazer faxina no quarto toda vez que eu tava triste. E de tanta coisa que fazia um sentido absurdo e agora não faz e de ela fazendo voz de desenho animado e me gritando enquanto fazia guerra de água na sala.

E, mesmo desacreditando e sendo toda esmirradinha calanguinha tanajura e sem peso suficiente pra poder doar sangue, ela consegue ser fortona. Tanto que ainda tá lá e todo dia diz que quer vir, mas vai terminar ficando até o reservatório encher.

Liginha, se tem uma coisa que eu sinto saudade da Barroland é tu.

Seja bem-vinda de volta, mesmo se for rapidinho.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Eu, Mas



Eu não tenho medo de nada, mas já acampei uma semana na sala quando apareceu uma barata no meu quarto.

Eu não tenho medo de nada, mas foi preciso a Lígia chegar de viagem uma semana depois pra tirar o rato do meu guarda-roupa.

Eu falo da beleza e da exuberância das mulheres cheinhas e acima de 70kg, mas me sinto culpada cada vez que termino uma casquinha de sorvete.

Aliás, eu começo uma dieta radical todo dia quando ponho os pés para fora da cama, mas desisto assim que chego na cozinha para o café da manhã.

Eu queria dizer que estou apaixonada pelo meu namorado, mas em vez disso eu surto a cada cinco minutos.

Aliás, eu digo “tudo-bem-se-você-não puder-vir-me-ver-hoje” mas me encolho toda debaixo das cobertas me sentindo sozinha depois que desligo o telefone.

Eu queria me livrar relacionamentos meia-boca que nada me acrescentam, mas tenho medo de as minhas cobertas não serem quentes o suficiente.

Eu quero ter meu apartamento e meus móveis do jeito que eu quiser, mas de vez em quando ainda peço para mamãe lavar minha roupa.

Eu queria ser cult e gostar de cinema europeu, mas vira e mexe me pego assistindo um enlatado americano escondidinha.

Eu queria não gostar das músicas do rádio, mas vira e mexe me pego cantarolando o primeiro lugar do top 10.

Eu queria largar o jornalismo e fazer um concurso público e me acomodar e nunca mais ter que me preocupar com como eu vou pagar minhas contas, mas eu sou apaixonada pela reportagem.

Eu queria ensaiar uns passos no jornalismo literário, mas fico com preguiça e termino optando pelo lead.

Eu queria odiar a pirâmide invertida, mas reconheço que ela é uma mão na roda.

Eu queria usar aqueles vestidinhos e sandalinhas rasteiras que acho tão bonitos nas minhas amigas, mas não consigo desistir do salto.

Eu queria ir com calma e não me envolver tão fácil, mas sempre me apaixono platonicamente.

Eu queria casar e ter um milhão de filhos e ser uma mãe de família exemplar, mas eu queria ser solteira ter sucesso na carreira e um carro na garagem e um apartamento só pra mim.

Eu queria levantar assim que o despertador toca, mas eu também queria poder dormir tanto quanto quisesse.

Eu queria ser eu mesma.

Mas quem é essa mesmo?

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Fermento e manequins




FOTÓGRAFO:: Suzana, tu tomou foi fermento nesses meses que passou fora?
MANICURE: Tu ta gordona, né?
MÃE: É, você ta um pouco mais gordinha...
AMIGA DA MÃE DA AMIGA: você deu uma engordadinha, não foi?
CHOCOLATE: Me coma, me coma, me coma...
CALÇA JEANS (cantarolando): Eu não vou fechar, lalalala eu não voooou...

***
Azar o dela. Se a 42 não fechou, eu comprei uma 44 e ainda foi na promoção.
E ainda é lycra. O que significa que, caso eu passe para o próximo número, há grandes chances de ela ainda servir e me deixar gostosa.
Não, claro, que eu queira passar para o próximo número. Eu ainda to marromeno de biquíni e depois, quem se importa? Já é junho e ainda ta chovendo bagarai. Eu gosto.