domingo, 29 de maio de 2011

Aquilo que dá no coração

Outro dia ele me perguntou:

- O que vai acontecer se um a dia a paixão acabar?

Na hora, eu lembro que titubeei, pensei por alguns segundos e terminei balbuciando alguma coisa sobre paixão dar lugar a um sentimento menos intenso, mas mais permanente, que vira amor etc. Ele sorriu satisfeito, nunca mais tocou no assunto e eu respirei alividada. Parecia que eu tinha dito a coisa certa.

Mas quem ficou encafifada por vários dias seguintes fui eu. Eu, que acho que estar sempre apaixonada é vital para qualquer relacionamento, mesmo que ele dure noventa anos, falando em paixão acabar? Acho que me enganei. Não, moço, só aceito paixão que não acaba. E se o senhor algum dia tiver algum vislumbre de fim de sentimento, é favor fazer as malas e sair de fininho, que aí não vai me servir mais.

Paixão não acaba porque é um jeito de achar diferente todo dia, mesmo quando todo dia faz tudo sempre igual. São as rotinas da Elisa que ela diz que a gente não deve falar mal. É um jeito de ver beleza até naquilo que afastaria você de outras pessoas. É verdade que ele gosta daquela tal de Paula Fernandes, mas e daí? Você ainda tem toda a discografia dos Backstreet Boys no computador, faz maratona de Karatê Kid nas madrugadas que não consegue dormir e a quantidade de beijos de filme e novela armazenados no HD daria para gravar Cinema Paradiso umas três vezes.



E se cada encontro reserva uma supresa nova, não há motivo pra acreditar que um dia elas vão acabar. Você se apaixonou tudo de novo quando descobriu o primeiro fio de cabelo grisalho dele, e mais uma vez naquele dia que ele colocou Barry White pra tocar no carro e te levou pra comer torta de chocolate.

Verdade que ele não entendeu quando você usou um poema da Alice pra tentar dizer que estava com saudade dele, e ele não sabia que o Lenine era pernambucano. Mas e você, que confundiu Barry White com Barry Manilow e errou a letra da música do Roberto? Mas até assim a gente se apaixona mais, e daí que acumula uma paixão em cima da outra pra sempre, sem nunca parar, a cada segundo daquela última olhadinha do dia, quando ele deixa você em casa e você fica sorrindo pra ele, enrolando pra não fechar o portão.

Eu sei que tudo isso é clichê, é bobo, quase ridículo, mas ei: Pessoa já disse tudo isso antes de mim. Ridículo é você se não estiver apaixonado, nem que seja por si mesma.

Eu estou. E você?

sábado, 28 de maio de 2011

Despalavrada

Sempre gostei de escrever e manter blogs. Especialmente em semanas iguais a essa de impressões tão grandes que não couberam em mim, de planos tantos que espalharam no travesseiro, tomaram conta da cama e me tiraram o sono. Estou há uma semana vivendo de cochilos. E há uma semana que penso todos os dias um texto para cá. Mas as palavras não se combinam mais com a mesma facilidade de antes.

Isso é ainda mais esquisito se eu for pensar que poucas vezes na vida estive tão inspirada ou pensei em tantas coisas diferentes ao mesmo tempo. Nos últimos dias eu quis comprar um carro e um apartamento e redecorar a casa toda e aprender a cozinhar e viajar.

Na falta de dinheiro, mudei os móveis do quarto de lugar e vi fotos de todos os lugares do mundo e engoli todas as cidades. Na falta de companhia, mostrei para o espelho todos os sorrisos guardados e folheei todos os livros e ouvi todas as músicas.

E amanhã, minha irmã vai me ensinar a cozinhar.

Quero de volta as palavras bonitas. Não sei ser sem elas aqui.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Contato Imediato

E daí que hoje o MPB Petrobras trouxe o Arnaldo Antunes para as bandas de cá. E eu lembrei que ele canta assim: “Se o meu coração disparar quando eu levantar os pés do chão/ a imensidão vai me abraçar e acalmar a minha pulsação”.

Subir na balança. Vestir 42 em vez do 48 que usava em novembro do ano passado. Dividir uma fatia de bolo de chocolate. Conversar uma noite inteira sem parar. Um solo de blues. O Barry White no som do carro quando ele passa pra me buscar pra jantar. Eu vivo dias intensos, apaixonados e inspiradores.

E você? O que faz o seu coração disparar e os pés saírem do chão?

terça-feira, 17 de maio de 2011

O doce


Extraí essa gravura do blog Idéias de Fim de Semana. Ele é parte de um livro em comemoração aos 125 anos da Coca-Cola e da campanha 'os bons são maioria'. Pelo que li, além dessa são outras 124 idéias para acreditar num mundo melhor.

Otimista imutável, nunca duvidei que o amor fosse mais efetivo. Mas é fato que ver impresso termina de estabelecer como verdade aquilo que a gente nunca quis duvidar, mesmo que você tenha parado de beber refrigerante há alguns meses.

Mas só ver impresso não me bastou, eu precisava experimentar também. Abri o Google em 17 de maio de 2011 e copiei a idéia do pessoal da Coca-Cola. Eis o que encontrei.



A pesquisa por “amor” retornou 551 000 000 resultados.

A pesquisa por “crise”, apenas 75 000 000



Vamos nos propor a encontrar o doce da Tangerina, todos os dias?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

E foi assim que eu me fiz poeta

- E de poesia, gosta?
- Só quando é você que recita pra mim.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sujeito Paradoxo

Esta é a história de um coração sobressaltado, mas você nem perceberia se eu não repetisse isso o tempo todo. Preferiria observar os meus olhinhos que tem todo o jeito de preguiçosos, mas estão mais é querendo furar o teto pra poder contar estrelas. A preguiça gostosa esconde noites de insônia. É tudo tão contraditório e tão verdadeiro quanto a delícia que é um par de mãos mexendo o meu cabelo no fim do dia.

- Adoro que você fica um tempão ajeitando o cabelo e, quando pára, ele está exatamente igual ao que era antes!

Mas essa também é a história de um manequim que dminuiu quatro números. A história da autoestima no topo do mundo, de um jeans roído de traça que serviu depois de três anos, de minissaia e short curtinho sem culpa. A preguiça gostosa também é excesso de glicose por descostume depois de tanto tempo sem comer doce.

- Você já quer ir pra casa? Vamos pegar outro milkshake.

E, finalmente, essa é a história de vinte tipos diferentes de sorrisos, retribuídos com outros tantos elogios, somados a outros tantos litros de gargalhadas, subtraídos de um restinho de medo que ficou empedrado no fundo do coração-paradoxo sem dissolver.

- Eu me divirto demais com o som dessa sua risada, parece uma Kombi desalinhada fazendo a curva.

Mistura tudo que dá gosto de chocolate. Daí o jeito é ir só aproveitando, rendendo igual criança com bombom, lambendo devagar a ponta do dedo. Claro que tudo com muita (im)paciência.