domingo, 28 de novembro de 2010

O Coração que batia demais

-É grave, doutor?

- Não é intoxicação alimentar. É a pressão em 18 por 10. Tem que emagrecer.

- É grave, dona Farmacêutica?

- A pressão está em 16. Você trabalha demais. Já pensou que pode ser ansiedade?

Como eu posso, seu Doutor? Não é fácil assim acalmar sangue quente e que corre assim tentando se esconder, mas estufando veia e deixando a gente vermelha por qualquer coisinha. Também não é fácil desacelerar coração que bate rápido demais. A gente tenta esconder, sobe no salto e só olha de soslaio pra evitar o olho no olho e garantir o coração quietinho e desacelerado. Procura ao redor alguém pra justificar a batucada e não acha. Como diminuir o ritmo, dona Farmacêutica? Eu nem unha tenho mais. Coração não me ouve e acelera só de vontade de bater mais.

Seu Doutor, não me diga pra perder peso e regular a alimentação. O ano de 2010 foi tão complicado e desafiador que houve dias em que, trabalhando sozinha até de madrugada na frente do computador, eu mereci um milkshake ou um chocolate ou um pratão de batata frita. E sobretudo, não me diga para tirar o sal da minha vida, virar moça insossa. Quem tem um coração que bate demais precisa de sal e de açúcar, de grito e gargalhada, de sorrir junto e abraçar apertado pra poder viver.

Dona Farmacêutica, leve meu peso extra embora, se isso a incomoda. Mas deixe aqui as lágrimas no final do filme triste ou na parte bonita daquele show que eu queria tanto ir, mas só vi pela TV. Não mexa aqui com meu coração, que se ele está batendo desse jeito algum recado ele tem pra me dar.

E aí, Coração, como é que vai essa força? Você não cansa de batucar rápido e forte assim? Diminui um pouco, não tem nada pra você agora. Fica aqui do meu lado esquerdo do peito, só pedindo, pedindo, pedindo... Sossega, Coração, que nada é pra já. Sossega, pra eu não precisar voltar ao médico, ele não foi legal e ainda me chamou de gorda. Quietinho, que nem gordura eu comi mais. Bom menino. Só acelera quando eu mandar.

- E aí, seu Doutor, quanto deu?

- Tá em 13 por 7. Melhorou, hein moça? Continue assim. Mas tire umas férias quando puder, você está precisando.

Valeu, Coração.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Da insônia


Horário de verão não facilita em nada para quem já tem problemas para dormir. Os programas da madrugada ficam assistíveis mais cedo e, quando às três horas da manhã você resolve ligar a tv pra ver se pega no sono no meio de algum filme do Corujão, já está passando o primeiro jornal do dia. As notícias para quem acorda cedo, dizem os âncoras. Como assim? Eu ainda nem dormi.

Provavelmente, uma das razões por que Deus deu a insônia ao homem é para fazer a gente pensar na vida. Sério mesmo. Poucas pessoas ficariam voluntariamente quietas no escuro por horas. Só enquanto a gente alterna lado direito, lado esquerdo, mão por cima, mão por baixo do travesseiro, para avaliar prós e contras e planejar soluções gigantescas de futuro, de decoração a planos para mudar o mundo. De comprar travesseiros novos a se mudar para o Chile e morar para sempre numa cabana no sopé da cordilheira, fim.

E, se não deu para pegar no sono até agora, não é o telejornal que vai ajudar. Só para falar no Chile, e na visita ao deserto do Atacama que estava marcada para novembro e foi indefinidamente adiada até a próxima vez que eu ficar desempregada. Descobri que os mineiros que não ficaram soterrados e nem ganharam US$10 mil cada um para sair do buraco depois que saíssem do buraco estão há setenta dias sem trabalhar e sem receber salário. Vejo a campanha eleitoral descer o nível mais alguns degraus e só não fico mais triste porque, bem, eu moro no Maranhão.

Daí o travesseiro incomoda de um lado. O pescoço dói, eu viro pro outro e procuro uma almofada pra apoiar. Devia comprar um jogo de cama pra cá. E umas almofadas, e uns lençóis. E umas roupas novas. E uma calça que me servisse. Falando nisso, é segunda-feira, eu deveria começar uma dieta...

Ai, que dor nas costas, deixa eu experimentar deitar de outro jeito. Recebi um email do chefe ontem cobrando aquele outro projeto. Mas eu acho que vou mudar tudo, não vai ser aprovado do jeito que está. Amanhã depois do trabalho eu bem que deveria começar a correr na beira da praia, como tinha planejado. Difícil, vou estar morrendo de sono, já que até agora ainda não consegui dormir. Eu devia era procurar um médico. Meus olhos já estão ardendo e nada de o sono chegar. Acho que vou ligar a luz ou o computador, ler um pouco. Epa. Que barulho é esse?

Ah, sim, é o despertador. Hora de ir trabalhar.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dias de Faxina

Toda casa tem um cômodo da bagunça. Aquele que raramente é limpo e geralmente é reservado para aquelas coisas que a gente guarda na esperança de que possam servir algum dia. Pode ser uma despensa atrás da escada, um sótão empoeirado, um porãozinho sem janelas, um quartinho nos fundos do quintal, na área de serviço.

E aí, mais ou menos uma vez por ano, tem o dia de limpar o cômodo da bagunça. A gente espana as sujeiras e abre todas as caixas com cautela, com medo de algum bicho esquisito pular de dentro dos guardados. Limpa papéis velhos com a camiseta antiga que acabou de cortar em pedaços com tesoura. E só então coloca tudinho de novo no lugar, jurando que dali em diante tudo vai ficar sempre arrumadinho e cheirando a Pinho Sol, fim.

Um blog pessoal é tipo o cômodo da bagunça. Cada crônica e cada desabafo é um pedacinho de guardado que a gente tem pena de jogar fora. De vez em quando, a bagunça fica grande demais. E se falta tempo de arrumar a única saída é fechar tudo a chave por uns tempos, ignorar os comentários de “você bem que deveria dar uma arrumada nisso”, sair de fininho e ir cuidar da vida, fazer uma revolução, cortar o cabelo, tomar banho de espuma na banheira, sei lá.

Só que uma hora a gente sempre tem que voltar. Olhar a bagunça toda sem saber como começar ou qual a primeira caixa a abrir. Sem lembrar direito como costumava combinar as palavras. (Re)começo, portanto, sem saber por onde: só abrindo as janelas e deixando o vento entrar. Estou de volta.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tempo, mano velho?


Levanta a mão aí se você acha que já perdeu tempo demais. Pois é, eu também parei de digitar por cinco segundos só para levantar a minha. Quando a minha irmã me disse isso – ela, que é cinco anos mais nova – confesso que titubeei. Mas concluí que eu, também, além de ser uma porcrastinadora de primeira, perco tempo sem ser por vontade própria.

Dia desses li um artigo que media quanto tempo perdemos no dia-a-dia. Durante toda a vida, a gente passa quase um mês só fazendo xixi. Sete meses em reuniões de trabalho, quinze dias reiniciando computadores travados (agora sei o que o Bill Gates me deve!) e quatro anos só esperando em filas. Perdemos também sete meses em baladas e três meses fazendo sexo (ok, não é exatamente perda de tempo, mas você entendeu).

Para quem ficou curioso, o texto na íntegra está aqui).

E olha que a tal matéria nem contabiliza o tempo perdido com a indecisão. Os instantes que passo, todos os dias, na frente do espelho s nos provadores da vida me virando de um lado para o outro e perguntando “será que essa roupa me engorda?”. Os minutos de indecisão ao lado do telefone, pensando se ele vai pensar que eu sou grudenta por ter passado o dia inteiro pensando em ligar para ele. Os minutos intermináveis de colo e abraçado e cabeça encostada no peito alheio querendo contar do que vai na cabeça e no coração.

O Renato bem nos lembra que todos os dias, quando a gente acordea, não tem mais o tempo que passou. Mas eu discordo de quando ele dizia que a gente tem todo o tempo do mundo. Eu não tenho tempo é de nada. Logo eu, que até outro dia trabalhava catorze horas por dia, já perdi muito tempo enunca tenho tempo demais. E do pouco que tenho, muito já passou.

Então eu não vou perder mais tempo. Eu vou dizer para você que vai ser tudo ou nada, que eu sei que tem pouco tempo, não vou mais desperdiçar meus dias e minhas semanas com algo que talvez dure só alguns dias e algumas semanas. Eu estou correndo uma maratona e nunca vou parar, e você se quiser que acompanhe o meu passo e fique ao meu lado, porque é isso que eu quero mas não posso ficar parada esperando.

Quanto tempo leva para ter coragem?

domingo, 30 de maio de 2010

Corações

Há corações feito moleque do sinal, feito prostituta parada na esquina, feito eleitor irresponsável. Rendem-se por qualquer agrado. Qualquer firula de sorriso, carinho e rosa vermelha e eles já estão lá, pulando na bandeja de prata e se oferecendo no meio do salão. “Estou aqui, me leva com você”.

Há corações feito guerreiro medieval, feito Joana D’Arc, feito idealistas partidários. Apanham, mas não desistem. Costuram as feridas e, tão logo o machucado começa a sarar, lá estão eles de novo, na fileira de frente da batalha, no foco de luz da pista de dança, em cima do palanque, sentando na cadeira desocupada ao lado do coração alheio.

E, antes que eu me esqueça. Há também corações feito fugidos da prisão, feito conta de político corrupto em paraíso fiscal, feito prestação de contas de autarquia de administração desencaminhada. Só mostram a décima parte do que são realmente, e há que esperar uma verdadeira operação policial, literal ou figurada, para descobrir o que se escondeno meio dos tecidos alheios.

Há, enfim, corações feito labirinto, que convidam a entrar e depois te deixam perdido lá dentro, sem saber para que lado ir para ficar seguro.

- Se continuar assim, vou começar a gostar de você.

- E eu, que já estou gostando? O que eu faço?

E há corações que são tudo isso junto.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Chuchu


Alguém aí já parou para pensar como surgem os apelidos supostamente carinhosos trocados entre casais de namorados? Chuchuzinho, por exemplo. Quem foi a moça que lá nos idos de 1457 concordou em ser chamada assim? Afinal, chuchu é hortaliça de sabor e cor nada convidativos. Coisa de gente que tá de dieta e nutricionista que monta cardápio sem gosto. Aliás, mesmo que o caso fosse para chamar o bem-querer de comida de regime, provavelmente há alternativas mais agradáveis à vista.

- Vem cá, minha berinjelinha.
- Aqui não. As crianças podem ver.
- Ah, minha folhinha de alface, só um pouquinho.
- Tá bom, tá bom, chamando assim eu não resisto. Mas tranca a porta.

Em oposição aos adeptos do amor diet, surgiram logo os defensores do amor adocicado. Chamar o namorado de doçura, docinho, ou ainda usar a variação docinho de coco é não se preocupar com a barriguinha nem o risco de elevação da taxa glicêmica. O problema é que se for mesmo para se entregar aos prazeres (os da carne e os da outra carne, se o leitor bem me compreende), há tantas delícias que “docinho de coco” parece simples demais, quase simplório. Vem cá, meu mousse de maracujá, minha torta de sonho de valsa, minha torta com 12 camadas e biscoito champanhe. Isso sim é amor de verdade. Meu petit gateau. Aliás, se os amantes se tratassem por petit gateau, substituiriam com folga qualquer "je t'aime, oh mon amour". Certeza.

Há casos, por sua vez, que oferecem material fértil para toda a literatura freudiana e de seus seguidores. Caso de baby, bebê, neném e toda sorte de apelidos infantis. Fora os relacionamentos que, pelo visto, também geram crises de identidade. Sobram branquelos trocando olhares embevecidos e tratando-se por “Pretinho” e “Pretinha”. Mesmo o “príncipe” utilizado à exaustão por mocinhas que ambicionam encontrar um par perfeito não é tão seguro quanto parece. D. João VI? Príncipe Charles? Nada encantados.

Quando eu tiver meu próximo namorado, vou tentar ser original. Para evitar confusão quanto aos significados, melhor chamá-lo de coisas que sejam bonitas, gostosas e interessantes para mim e deixar de lado os apelidos convencionais. Me dá um beijo, meu pacote de batata frita! Vem cá, meu doce de leite diet! Amo você, meu jardinzinho cheio de girassóis! Você é tudo para mim, minha discografia dos Beatles! Funciona?

domingo, 18 de abril de 2010

Muita

Eu sempre fui muita. Não muitas, no plural, de querer ter múltiplas personalidades e assobiar e chupar cana, tocar o sino e acompanhar a procissão e bancar a bipolar, virar um caso de terapia freudiana. Quis dizer superlativa: muito grande, muito inquieta (ou quieta demais), muito bonita ou muito feia. Como demais, compro demais, amo demais, penso demais. Uma existência tão superlativa assim cansa, tira noites de sono, acumula caspa no cabelo e mistura espinhas tardias com rugas precoces de pura preocupação.

Boa parte de tanto grau aumentado nos meus adjetivos deve ser por compensação. É que fui uma criança pouca: falava pouco, comia menos ainda, só chorava e cuspia fora a sopa que d. Aricelia tentava me obrigar a comer. Criança de poucos sorrisos, cara de poucos amigos.

Deve ser difícil conviver ao lado de gente muita. Na sua mania de superlativo, é sempre difícil entender o que elas estão pretendendo. Várias dessas gentíssimas abrem portas com estrondo e vestido vermelho e melancia pendurada no pescoço, falando alto e avisando ao mundo inteiro para olhar bem para elas.

E tem também gente que é muita, mas é o oposto: diminui o tom de voz, senta na cadeira do canto e se encolhe, só percebendo o ambiente ao redor. Afinal, ela é tão muita que está com medo de não caber, de chamar a atenção demais, de ser mandada embora porque, como o próprio nome deixa claro, exclusividade não é privilégio de muita gente – ou de gente muita.

O ruim é que gente muita vive pouco. Pensa tanto e tanto sente que age cada vez menos ainda. Muito tenta se afirmar para o alheio que pouco percebe do mundo à sua volta. Muito lê e pouco retém, muito planeja e pouco realiza. Muito se cansa. Papai do Céu, faz-me menos?

domingo, 14 de março de 2010

Passando de fase


Com crise de tendinite após algumas horas de jogo, é fácil determinar quando acaba uma fase e começa outra. Geralmente é quando a gente passa pelo chefão. Então aparece alguma luzinha ou animação comemorando o feito, eu ganho mais alguns pontos de vida, pontos de armadura, um item novo ou aprendo alguma magia diferente. Quanto mais poderoso é o chefão, e quanto mais alto é o nível a que você quer chegar, maiores são as recompensas.

Essa mesma mudança de ciclos já não é tão fácil de determinar fora do universo de fantasia. Além de não ter chefão (quer dizer, às vezes tem), os sinais da transição para a fase seguinte são sutis. A gente não sabe bem o que é, mas percebe alguma coisa diferente pairando sobre os ombros. Pode ser alguém que nos desvia os olhos ou um nome que não aparece no quadro ao lado dos outros. Parece que o sol nasce de um jeito diferente.


Saio na rua e o asfalto mede as solas dos meus sapatos com ar de desdém. As esquinas cochicham entre risinhos porque sabem o que vai me acontecer na próxima meia hora e eu não. Se eu tivesse teclado, mouse e monitor na minha frente, o desafio não seria tamanho: mata o monstro, passa de nível, uma espada nova, que legal, prometo que vou jogar só mais cinco minutos, quer dizer, mais dez, parabéns, você chegou ao nível 4542345368, clap, clap, clap.

Só que nas últimas semanas parece que o videogame pifou e eu fiquei sem espada, sem armadura e sem superpoderes. Pior: parece que deu um defeito no gráfico e eu fiquei presa no limbo entre uma fase e outra, sem saber qual será o desafio seguinte. Só eu, com dezenas de currículos e listas de prós e contras, num jogo que não dá para salvar, dar pausa ou reinstalar.

Posso confessar uma coisa? É que eu até me divirto, mas nunca zerei jogo nenhum.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Treze músicas

Eu cresci com a MPB para virar adolescente roqueirinha, depois fiquei presa nos anos 60 e 70 e me apaixonei tanto que não quis mais sair de lá. Daí que veio o convite dela (colega de profissão que eu nem sabia que passeava por aqui!) me convidar para o meu segundo meme. Novamente, um musical. Mas que desafio!

Eu já fiz uma seleção de músicas aqui. Mas dessa vez, as regras são diferentes. A idéia, ela me explicou, é “mostrar quem eu sou (ou quem estou) por meio de uma seleção de 13 músicas”. Como eu vou fazer isso? Eu, que escuto umas trezentas faixas por dia? Eu, que pensei em deletar o Office do meu computador para ter espaço para mais arquivos em .mp3? Como selecionar apenas 13, de milhares, sem ser injusta?

Mas o fato é que eu sei reconhecer um bom desafio quando vejo um.

Os critérios para escolha são diversos. Várias estão de fora com um nó na garganta. Escolhi algumas pela letra, outras porque tem o poder de me colocar para cima quando eu estou para baixo, outras porque me dá vontade de dançar assim que eu as escuto, outras porque me dá vontade de gritar. Todas porque estão na lista das que eu escuto todos os dias.

Ei-las.

1 – Pratododia (O Teatro Mágico)

Conheci O Teatro Mágico exatamente no dia em que fui aprovada na monografia, já que as nossas apresentações por aqui caíram no mesmo dia. Apesar da nota dez – minha e deles – eu vivia uma fase ruim. Tornou que eles me ajudaram – cantam tudo o que eu tenho vontade de dizer, só que mais bonito. Essa eu escuto umas dez vezes todos os dias. Eu deveria ter escrito, parece que ela fala por mim.

2 – Salão de Beleza (Zeca Baleiro)

Outra que está definitivamente na lista das que eu queria ter escrito. A sua beleza é bem maior do que qualquer beleza de qualquer salão. Eu sei, baby. Eu também acho, às vezes, que eu não preciso de salão de beleza.

3 – Freedom 90 (George Michael)

“All you have to do now is take these lies and make them true somehow”. O refrão é chicletinho, mas eu confesso que nunca prestei atenção direito nessa letra. Sabe como é, eu estava ocupada demais dançando.

4 – Trem das Onze (Demônios da Garoa)

Uma rede balançando. Um pai fazendo carinho nos cabelos da filha que tinha insônia desde pequenininha. Uma música cantada com voz meio desafinada. Uma moça que pode ter mil anos de idade e não vai conseguir escutar esse samba sem chorar.

5 – While my guitar gently weeps (The Beatles)

Há melhores e mais famosas, tenho certeza. Mas essa é uma das minhas preferidas do quarteto de Liverpool. Diz pouco, mas faz o essencial. Acalma e traz paz nos dias tão cheios que a gente se pergunta se jogou pedra na cruz ou se foi a própria cruz que resolveu cair em cima da gente com prego e tudo.

6 – É com esse que eu vou (Elis Regina)

Porque Elis é demais, porque lembra minha infância, porque me lembra que eu sonhava em cantar quando era mais nova, porque tem poucas vozes como a dela. Porque toda vez que eu escuto esse vozeirão me dá um quê de atrevimento, uma vontade de esquecer de passar creme no cabelo e ir desabafar na multidão. Só ainda não sei ainda com quem eu vou.

7 – Todo o Sentimento (Chico Buarque)

Outra que eu posso ter mil anos e ainda vai me dar nó na garganta. Disseram para mim uma vez que a música é sobre “O amor nos tempos do cólera”, do Garcia Marquez. Não sei se é. Sei que poucas promessas de amor são tão lindas e verdadeiras como essa.

8 – Gimme Shelter (Rolling Stones)

Porque Rolling Stones é vida. Porque é rock. Porque é arte. E porque todo mundo para conviver comigo tem que passar no teste dos Stones – isto é, me ver dançando e cantando num show, descabelada, rouca e com a maquiagem borrada, e não ficar com vergonha de dizer que me conhece.

9 – Billie Jean (Michael Jackson)

Faz dois anos que não damos uma festa sem essa música. Vale mencionar inclusive o episódio da noite de Ano Novo, quando o Michael não queria ser tocado de jeito nenhum e, quando forçamos a barra testando três CDs diferentes com a mesma música, faltou energia.

10 – Crush (Dave Matthews Band)

Porque eu gosto de... porque deve ser bom para... porque faz pensar em... deixa pra lá.

11 – Mustang Sally (Buddy Guy)

Clássico do blues de 1965. A versão original não é dele, mas é a minha preferida.Porque ele inspirou gente como Eric Clapton e Steve Ray Vaughan. E porque é a trilha sonora constante de todas as noites nos carnavais com jazz e blues. Esse ano, voltei rouca de tanto fazer o coro “riiide Sally riiide”...

12 – Running Wild (Johnny Reid)

Minha música de acordar preferida. Perfeita para aqueles dias que você acorda com o astral lá em cima e vontade de dominar o mundo. Pensando bem, ela também resolve a maior parte dos casos de mau humor.

13 – Tangerine (Led Zeppelin)

“I was her love, she was my queen, and now a thousand years between”. Doce no começo, azeda no final, gosto de tangerina. A música que batizou meu blog.

Finalmente, repasso o desafio para:

Seco Sarcástico Simpático

Tia Selma

Sonolóquios

Pingos nos is

Pequenos fragmentos de luz