segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Velocidade três

Elétrica, acordada, cabeça funcionando a mil. Desde o aniversário o mundo tem girado mais rápido do que o normal. Pode ser culpa dos cinco miligramas extras na dosagem do remédio. Ou o excesso de trabalho. Nas últimas semanas, o horário de deixar a redação tem oscilado entre dez da noite e uma da manhã – quase nunca antes.

E mesmo chegando em casa à uma da manhã ela consegue levantar cedo no outro dia, e passar a manhã no telefone fazendo frila porque de algum modo a gente vai ter que comer no final do mês, não é mesmo?

E de tarde tem pauta empurrada goela abaixo às seis da tarde pra ficar pronta antes das oito e editora reclamando quando eu desço para o shopping às seis da tarde, “pra onde é que tu vai ainda faltando matéria?”. E de tanta pauta enfiada na garganta e tanto sapo engolido a seco achei que tinha ficado mesmo com a garganta inflamada. Mas nem era, foi só uma gripe.

E mesmo espirrando tonta e com um nariz que faria inveja às cataratas do Iguaçu não dá pra parar, continua continua que está tudo girando cada vez mais rápido, mais rápido, mais rápido, os dias escapando por entre os dedos e não dá pra respirar um segundo, quanto mais dormir uma hora extra antes de o despertador tocar.

E mesmo saindo à uma da manhã ela teima em ir encontrar todo mundo e ri e conversa até as duas e teria ficado até o dia amanhecer se ninguém tivesse resolvido ir embora. Domingo, rouca, ela acompanha dez pessoas na praia à noite e respira o vento frio e volta pra casa garganta doendo. Contente, gargalhando, falando alto, pensando rápido, mas com um arranhãozinho que parece que fica sempre ali dentro do peito, só lembrando que se ela não ficar atenta ele pode aumentar e virar um dia, ou vários, de janela fechada e travesseiro úmido.

E, enfim, por cinco minutos ela queria um abraço. Queria ser abraçada, na verdade. Por um alguém específico, que ela ainda não resolveu se quer abraçar porque quando acaba um mês elétrico ela precisa desesperadamente ficar um tempo abraçada em qualquer amigo, ou se é nele que ela quer ficar abraçada, apertada e não soltar mais, não vai embora ainda não, fica aqui e diz que ainda não vai me soltar, por favor por favor por favor.

Mas por fora são altos os saltos e a auto-suficiência. Até feliz. Mas só não acredite se eu disser que estou tranqüila. É tudo mentira.

2 comentários:

Leo disse...

É isso aí, Su. Temos que procurar a felicidade é bem dentro do peito. Porque se não encontrarmos ali, o que vier de fora não vai servir.

Bjusss
L.

ps: Vou te fazer uma visita no jornal nessa semana... se bobear até pago os 15 pila... huAuiaHUIaHauiAOhuia

Hanna disse...

Amiga Tangerine, te entendo.
Agente sente muita falta dessa Quebra, agente corre corre corre, pensa pensa pensa, e no Final só qr chegar pra alguem falar horrores (special person or not), e essa pessoa só te pegar nos braços e abraçar. Aí, [Off] Problems. Esse estado é q no fim agente qr de fato.
Esquecer os problemas, e relaxar.
Vc precisa Relaxar, com ou sem alguem.

BJs