terça-feira, 20 de maio de 2008

Foi assim.

Foi assim.

Ela olhou em volta pra as duas outras mesas do escritório que estavam ocupadas por sobrancelhas franzidas e olhares concentrados em frente aos laptops. Olhando em volta, ela olhou para si própria enquanto observava as grades de ferro e as folhas das árvores completamente paradas e os caminhões que passavam lá longe, na rua, levantando poeira.

Ela não queria pensar nem olhar em volta nem ter as sobrancelhas franzidas nem as costas permanentemente arqueadas e aquela expressão lamuriosa de quem ergue o mundo sem alavanca e sem direito a cafuné no fim do dia. Na verdade, eram onze da manhã e tudo o que ela poderia querer era um chocolate, mas lembrou dos seis quilos a mais e aí decidiu trocar o chocolate por um copão de água meio morna pra diminuir a fome. Decidiu...

Foi à sacada, ficou lá por exatos cinco minutos. Olhou a Belém-Brasília e o Tocantins verde verde, lá mais adiante, depois da ponte Juscelino Kubistchek. Dava pra ir pro outro estado andando, se ela quisesse. Mas pra onde ela queria ir, não dava para ir a pé. Perto de onde não se quer estar, longe de onde se quer ficar – a lógica resolve isso de uma maneira simples, embora as ciências inexatas sempre compliquem tudo. Só que ela nunca foi uma menina de tomar desvios.

Foi assim que de repente tudo ficou claro.

Duas horas depois, ela fez um telefonema.

Dois dias depois, pediu demissão.

Duas semanas depois, ela vai finalmente voltar pra casa.

Foi assim. Como será, ela não sabe. E, sabem? Ela está adorando não saber.

2 comentários:

Anônimo disse...

:S

Ana Paula Nogueira disse...

q bnom q vc ta de volta su!!! essa sua experiência só mostra o quanto tu és forte, e que tem lição de vida e de coragem para passar aos teus amigos. saudades. beijos