quarta-feira, 16 de março de 2011

Página do meu folhetim

Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que não entende muito de sim. Não faço questão de renda nem prenda, mas bem que me divirto numa noitada boa, cinema ou botequim. Se acaso me quiseres, sorria e simplifique, que amor complicado demais é coisa pra adolescente ou poeta ultrarromântico, e eu sempre preferi os modernistas a esse povo que morria de tuberculose.

Faço questão, porém, de intensidade. Se acaso me quiseres, é preciso me querer inteira. Mulheres completas não admitem serem tomadas só pela metade. Mais importante ainda é querer demais, com a intensidade disfarçada de candura de um texto de Vinicius. Mulheres superlativas não aceitam serem queridas em doses homeopáticas.

Eu te farei as vontades, mas nada de meias verdades: me fiz tão inteira que ficaram arestas por aparar. Eu rio no ritmo da alegria alheia e às vezes exagero sem perceber que é hora de tratar sério. Se acaso me quiseres, é preciso ter sorriso de olhos fechadinhos para me acompanhar. Gente que muito ri não confia em gente séria.

Se acaso me quiseres, esqueça rosas: dê girassóis só para me ouvir gritar e bater palmas igual criança. Se acaso me quiseres, me desconcerte e depois me faça gargalhar, me invente palavras e apelidos impublicáveis, decore a curva da minha cintura com as mãos, brinque com o meio das minhas costas até fazer formigar ao mesmo tempo a nuca e a sola do pé. Mas se acaso me quiseres assim tão rápido, preciso pedir que vá com calma. É preciso muito olho no olho e telefonema e uns tantos beijos de canto de boca até eu ter certeza que na manhã seguinte, quando eu contar até vinte, você ainda estará lá. Isso se acaso me quiseres mais que página virada.

E se por acaso eu quiser também, passo o microfone do Chico para a Rita e faço um rock desse samba. Ignoro as bochechas vermelhas da timidez e só peço, não leve a mal. Eu só quero que você me queira...

Um comentário:

Lu disse...

ahhhhhhhhhhhhhh genial! Quando eu crescer eu quero escrever tão bem assim!