terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um pé quentinho para o Natal

Em todo o ano de 2009, acho que dá para contar não mais que umas três ocasiões em que eu quis ter um namorado. Parece hipocrisia sumir por quase um mês e, quando enfim reaparecer, vir com o discurso clichê da solteira feliz, da gordinha alto astral e outros que tais. Menos quando, bom, se é tudo isso. Exceto por umas noites em que o pé esfria um pouco, a maior parte do tempo eu penso que cresci tanto (com trocadilho) que não anda sobrando espaço na minha vida para ninguém além de mim mesma.

A literatura é injusta com as solteiras. As apaixonadas tem Vinícius, Drummond e representantes em praticamente todas as escolas de escritores de que se tem notícia. As solteiras, porém, são relegadas à literatura de banca de revista – toda, claro, destinada a transformar em compretidas as pobres solitárias desacompanhadas, e sempre em prazos ínfimos: em dez dias, um mês, uma semana, até o Carnaval, até 12 de junho. Ouse, conquiste, agarre, segure, prenda. É um homem ou um touro de rodeio?

A delícia de não ter namorado começa pelo desmazelo. Deixar a toalha molhada em cima da cama e esquecer de lavar roupa no final de semana e a calcinha pendurada no box do banheiro. Falando em calcinha, é outro desmazelo o poder sair de calcinha bege, grandona, furada e superconforntável. Afinal de contas, quem vai ver? O paradoxo também é delicioso: comprar lingerie para si mesma, ou para agradar um novo amor – em vez daquele cara rotineiro que nem lembra a cor do último sutiã que viu você usar.

Comer brigadeiro de colher, passar a noite com livros que você nunca mais teve tempo de ler ou rodeada de filmes que você sempre prefere assistir sozinha. Ou sair, dançar, ficar de pilequinho e não ter que pedir permissão nem ouvir onde você estava ontem à noite. Ou – a minha preferida – chegar em casa depois de 14h seguidas de trabalho e tomar um banho gelado e se jogar na cama, sem obrigação de satisfação de telefonema.

Mas tem dia que o pé fica gelado e bem que a gente precisa de alguém para esquentar. Tipo quando recebe um sorriso e um email atrevido do moço com os olhos mais lindos que você já viu, e sabe que não pode ser mais que um sorriso e um email atrevido e - veja só que atrevimento! É assim nos dias que a gente ganha uma viagem com acompanhante pro hotel chique pra se esconder de tudo e guarda as reservas na carteira esperando aparecer alguém pra ir junto. Duas me fazem até achar graça quando abro a carteira ou a caixa de email cheia de mensagens. Duas rodadas de cinco minutos cada uma, para desejar não estar mais sozinha.

A terceira é a noite de Natal...

2 comentários:

tiaselma.com disse...

Oieeeeee!!! Muito bom mesmo um namorado pantufa, canivete suíço...
Descerá pela chaminé amanhã.

Beijos meus, Su!

disse...

Nunca li um texto que se encaixasse tanto em meus pensamento. Esse é o texto que eu deveria ter escrito pos todo o ano!!!
rsrsrs

Passando para desejar um FELIZ, FELIZ, FELIZ Natal!!!!
Hoje e sempre muita paz e amor!!!
Beijoss