segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Parem de falar mal da rotina!

O tal do espetáculo da Elisa Lucinda. Eu sou fã da mulher, excelente atriz, poeta melhor ainda, mesmo ela atuando de vez em quando em novela das oito como melhor amiga da moça boazinha.

Mas o gancho nem era esse. É que diz que faz pouco eu andava conversando pelas bandas do EmeEsseEne com um amigo. Dele, eu tenho a recordação de noites de risadas sem fim e cócegas no pescoço. Coisa de amigo baixinho que não consegue alcançar meus saltos pra me dar um beijo decente na bochecha.

Quando é que vamos nos ver de novo?

Ah, mas vocês só saem pra conversar...

Não é a primeira vez que isso parece estranho. De outra vez amanheci o dia na rua, perdemos a hora conversando de novo, um pedaço de trapo pegou o ônibus pra trabalhar o dia seguinte no meu lugar.

Como assim, você me diz que passou a noite na rua e não bebeu?

Bebi, ué, e foram duas garrafas de água mineral. Deu sede depois de falar tanto.

E olha que eu não sou de desprezar caipirinha e cerveja geladinha. Mas vai ver eu sou a última pessoa do mundo que vê graça e até um pouco de magia nas conversas olhando a lua até o dia quase clarear. Vai ver eu estou ficando velha, vai ver não se fazem mais shows como antigamente, vai ver os bares andam cheios demais e eu não tenho paciência pra lista de espera, vai ver a minha cidade é pequena demais, vai ver eu estou mesmo desperdiçando os melhores anos da minha vida e coisa e tal.

Ou vai ver eu só ame a rotina. Ame a segurança de acordar todo dia no mesmo horário, escolher uma roupa mais ou menos do mesmo jeito, ir trabalhar e deixar a imprevisibilidade para o dia a dia das redações. É fato que eu não acordo com a boca de hortelã (!) nem tenho ninguém pra sacudir e, bom, já ficou claro, sem trocadilho, que seis da manhã no meu mundo é hora de ir dormir. Mesmo assim, Chico não poderia estar errado, é bom todo dia fazer tudo sempre igual.

É que eu sou o tipo de menina resistente a mudanças, tão resistente que não gosta nem quando os amigos trocam o número do celular e que sugere ir sempre à mesma lanchonete pra pedir o mesmo sanduíche, nem consigo lembrar a última vez que incluí algo novo na minha alimentação. Eu me divirto jogando baralho.

É fato que eu tenho saudade das borboletas no estômago que antecedem qualquer mudança brusca no dia-a-dia tão igual, sempre tão colorido, mas sempre exatamente com as mesmas cores.

Um dia eu vou voltar a sentir as borboletas de novo, e vai ser para o bem.

Só para eu começar uma nova rotina.

( o poema na íntegra é pra estar aqui)

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu também tenho uma certa cumplicidade com a rotina, principalmente quando chega alguém capaz de quebra-la em mil pedaços e me deixar com borboletas no estômago! =P

Anonimo_One.