segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sono meu.

Presa entre sentimentos conflitantes que ainda não aprendi a compreender, amando e admitindo e, no momento seguinte, me comportando como se não fizesse diferença. Querendo abraçar pra sempre e querendo virar para o outro lado agarrada no meu travesseiro. Viro de costas e ele reclama. O que ele não sabe é que, até cair no sono, olho de rabo de olho para trás toda hora. Sei que ele está ali, mas isso não impede de eu querer me certificar a todo instante.

- Você estava roncando... – ele diz, sorrindo.

O pior é que provavelmente é verdade. Esboço um sorriso sem graça e enrolo para abrir os olhos. Sei que ele passa vários minutos olhando para mim e sorrindo. Talvez fosse mais legal ouvi-lo dizer isso. Mas não precisa uma palavra para eu entender que são olhinhos de amor. E é bem nessa parte que eu desisto de acordar, por mim eu ficava lá pra sempre, fingindo dormir enquanto ele insistia para eu levantar.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

E quem irá dizer que não existe razão?


Sabe quando a gente vê, depois de grande, um filme que era acostumado a ver na nossa infância e aí é que entende direito?

Eduardo e Mônica são só um ano mais novos que eu. Hoje à tarde eles conseguiram me prender durante vários minutos olhando embevecida para a tela do computador. Culpa do coração de tangerina que anda doce demais.

Se você foi criança ou adolescente nas década de 80 e 90, com certeza sabe de quem eu estou falando. Ser fã da Legião Urbana e ter crises existenciais feito um Renato era praxe. Mas questão de honra mesmo era cantar, decoradinho, as letras de Eduardo e Mônica e de Faroeste Caboclo.

Eu sabia as duas e apostava com os amigos na hora do recreio, só para sentir o gostinho dos olhares aprovadores enquanto recitava a saga de João do Santo Cristo sem errar um artigozinho sequer. E depois da aula, corria para o videokê do shopping que ficava ao lado da escola. A gente cantava Eduardo e Mônica só porque era uma das músicas mais compridas da lista e assim a gente podia ficar mais tempo na brincadeira.

(Aviso: não tente me testar hoje em dia. A minha memória para o rock nacional não é mais assim tão boa)



Aproveitei cinco minutos para checar o tal do vídeo promocional da Vivo que todo mundo anda falando. E me policiei para o chefe não me pegar sorrindo para a tela do computador, com cara de que está fazendo tudo menos trabalhando. Não deu pra evitar de ficar arrepiada com Eduardo e Mônica, e nem foi só por causa da memória de recreio e videokê. Foi pelo vislumbre de amor possível, simples do jeito que tem que ser, sem cara de cinema e nem de novela, que conseguiu falar em cheio com as borboletas no estômago de cada um de nós.

E eu nem imaginava Eduardo e Mônica com aqueles telefones chiques. Sempre me passou pela cabeça os dois se encontrando numa pracinha de interior e indo ao cinema. O que me arrepia ainda mais e é outro ponto excelente da campanha, porque transforma Eduardo e Mônica de ícones da minha infância a par romântico atemporal, até poderiam ser você e o seu bem-querer, olha só.

Se eu quiser, você me dá um amor desses de cinema? Depois de hoje, vai ter mais gente pedindo um amor de Eduardo e Mônica. Afinal, quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?


domingo, 5 de junho de 2011

Um mundo todo da sua cor

Roubei essa do Idéias de Fim de Semana. O Multicolor Search Lab procura imagens no Flickr por cor. Adoro passar horas no flickr vendo registros alheios, mas essa foi novidade. Dá mesmo vontade de ficar horas selecionando e vendo o mundo todo de uma cor só – ou mais, se quiser, já que são 120 opções diferentes e dá pra selecionar até dez cores de uma vez.

Imagina o mundo todo da cor que você quiser? Fiz isso hoje e decidi que meu mundo amarelou.



Quando eu era novinha eu era apaixonada por azul-marinho. Marinho bem escuro, bem profundo, quase preto. Precisou de alguns anos e uma pintura nova na parede para e perceber que não era amor de verdade – no máximo uma querência de achar bonitinho. Sabe como?

Há uns dois anos descobri que gosto mesmo é de amarelo. Aí foi um tal de repintar a parede do quarto e mudar a decoração pra deixar tudo da minha cor preferida. Acho uma delícia esse exercício de trocar tudo de vez em quando e só não faço mais porque o bolso não deixa. Até hoje. Depois dessa, deu vontade de deixar tudo mais colorido. É que o Djavan disse que o amor é azulzinho. Mas lembrou também que o sol nasce amarelinho...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

SÁindo com XICO




Eu tinha esquecido a pulseirinha da inscrição e estava na porta do auditório suplicando à recepcionista que me deixasse entrar quando ele chegou, um sorriso do tamanho da sala inteira nos óculos de aro grosso.

Eu sorri e fiquei com vergonha de ir lá cumprimentar. Acho que é porque – falha minha! – ainda não conheço o Xico Sá literato. Mas já gosto do colunista, do blogueiro, do cronista e do jornalista que se mudou pro Alagoas para descobrir o paradeiro de PC Farias, num tempo sem Twitter, Facebook ou celulares com câmera digital pra a gente ser repórter de si mesmo e dos outros, dando pistas.

Pena que por aqui ainda não tenhamos passado desse tempo. Só 7,5% dos maranhenses tem acesso regular à Internet, diz o IBGE. Disse isso e ele respondeu que eu quebrei o entusiasmo dele. Desculpa, cara. A gente ainda chega lá. Isso não tirou o brilho da palestra divertida e inspiradora.

Eu digo que interrogação é incômoda. Xico disse que é um cabo de guarda-chuva, um anzol ao contrário, que incomoda mas a gente tem que levar junto todo dia. Se te mandarem uma interrogação, desentorta e manda uma exclamação de volta, é assim que funciona. Mais: não se preocupe em rebuscar. Escreve do jeito que tu fala, que estilo quem tem é Tolstói e Dostoiévski. A gente dá, no máximo, um jeitinho, montado a partir das referências dessa nossa concepção de mundo greco-nordestina – isso também foi ele que ensinou. Cearense do Crato, Xico diz que nordestino tem um repertório difícil de encontrar em qualquer lugar do mundo. Esta maranhense de Pinheiro concorda.

Eu pensei que as dúvidas acabavam com o tempo e passavam quando a gente ficava adulto. Pro meu azar, Xico disse que tem trinta anos de jornalismo e ainda hoje se pergunta o que fazer com a profissão. A diferença é que ele tem respostas melhores.

- Nasci no mundo Gutemberguiano e amo essa desgraça. E sabe essa história de que tecnologia vai acabar com o jornal? É uma preguiça monumental isso de a gente achar que vão acabar as coisas. Nós estamos condenados a trabalhar que nem jumentos. Vão trabalhar, filhos de rapariga!

Impossível não gargalhar e não concordar. Valeu, Xico!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Aquilo que dá no olhar.







Hoje eu acordei com o olho meio triste, meio molhado de saudade.
Aí lembrei da última fez que saí para fotografar.
Uma saudade e um resto de tristeza são bons de vez em quando para encher os olhos de boniteza. E para tentar, depois, melhorar o olhar.