sábado, 29 de novembro de 2008

A seca, a enchente e o verão radical

Assistindo ao jornal e vendo as notícias sobre a enchente no Sul do país.

Ironicamente, enquanto assisto ao jornal escrevo matéria sobre o semi-árido.

Mais ironicamente ainda, entra o intervalo comercial e o primeiro anúncio é justamente do governo de Santa Catarina. O slogan é mais ou menos assim: "Venha passar férias em Santa Catarina. Aqui o seu verão é radical".

Chega a ser humor negro. Será que esse ano funciona?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Espelho, espelho meu

Existe alguma garota que fique mais doente do que eu?

Porque quando a gente tem, ao mesmo tempo, faringite, infecção renal e síndrome do túnel do carpo (o novo nome chique para a minha tendinite) é caso para se pensar em mandar rezar uma missa. Ou ir na vigília dos 318 pastores para tirar o meu encosto. Ou chamar uma benzedeira ou tomar um banho de sal grosso, sei lá.

Ou, quem sabe, eu devesse começar a pensar em como vou querer o meu caixão.

Aiaiai. Não quero sair de debaixo dos lençóis tão cedo.

Um Namorado Virtual

(Diz que hoje eu resolvi passear pelo orkut. Fiz isso por uma boa meia-hora até enjoar de tanto ler "namorando" e ver bonequinhos cabeçudos com olhos de coração distribuindo rosas de mãos dadas estapeando bundas alheias ou comendo cérebros uns dos outros e fazer disso a coisa mais romântica do mundo. Quando eu era adolescente, a gente dividia um picolé de Morango Frutilly...

De repente parece que o ar ficou meio cor-de-rosa e tá todo mundo namorando, menos eu. Todo mundo suspirando e eu olhando pros meus lençóis desfeitos. E nem é que não haja ninguém que eu queira namorar - meu coração tem dado lá suas aceleradas numa direção nova esses dias. Infelizmente, o inverso nunca ocorre e ele vai dormir pensando que eu sou uma mulher Bonita & Inteligente & Liberal pra quem ele nunca vai precisar ligar no dia seguinte. Mais confortável que se eu fosse um sofá de três lugares.

Daí que pensando nisso tudo e me sentindo mais sozinha que Robinson Crusoé numa quinta-feira, resolvi que já estou cansada, até porque hoje completa dez meses do status single, e vinte e três anos sem um relacionamento em que eu não terminasse traída, sacaneada, gorda, arreliada, sem tesão, com a auto-estima baixa etc etc etc. Eu bem que precisava de um alguém que nem precisava ser pra sempre - mas que eu olhasse daqui a alguns anos e suspirasse "ah como Fulaninho era bom".

Daí que, na falta de alguém real e, principalmente, normal e não-traumatizado, resolvi que vou inventar o meu namorado.

E sim, eu tenho esse direito. Crianças pequenas não são censuradas por amigos imaginários, da mesma maneira que um grau moderado de esquizofrenia virual deve ser tolerado em jovens mulheres adultas e solteiras.

***

O primeiro passo é imaginar a aparência. Ele não tem aquela beleza de colírio da Capricho. Na verdade, ele é um pouquinho desengonçado, de um jeito meio atrapalhado que me faz rir e não ficar com vergonha de ser meio destrambelhada também. Ah, e ele vai ser moreno. Uma barriguinha é até desejável.

Ele vai ter o cabelo naquele estágio que a gente pensa "bem que já estava na hora de ele cortar", mas que ainda não ficou grande a ponto de incomodar. Mas a barba, ah, a barba ele vai lembrar de fazer de vez em quando só pra raspar no meu rosto depois. Sobretudo, ele vai ter um jeito de me olhar sério e me derreter inteira, e um sorriso que lembre levemente aqueles estampados em caixa de creme dental. Ah, e ele é alto - qualquer coisa maior que 1,85m - e tem mãos de massagista de spa.

Ele vai estudar alguma coisa que eu não entenda bem, mas ache fascinante - talvez na área de economia ou alguma área social - e com certeza vai pensar que ser jornalista é a profissão mais sexy do mundo. Provavelmente ele tocar algum instrumento também. Vai me achar inteligente até quando eu fizer algum comentário de orelha de livro querendo impressionar, e vai me surpreender de vez em quando me explicando as coisas que eu não conseguir entender.

Ele terá bom humor e vai fazer tanta piada que às vezes vai me irritar e eu vou começar a achá-lo meio criança. Vai ter manias esquisitas que vão me arreliar ou me dar vontade de rir, dependendo do meu humor, e vai ser um saco quando estiver doente. Vai gostar das mesmas bandas que eu e me apresentar uns troços de que eu nunca ouvi falar, e vai se divertir comigo na mesma proporção em um show cheio de gente se apertando na fila do gargarejo ou num arrastapé.

Ele não vai ser nem tão inteligente a ponto de eu me sentir burra, nem tão tapado a ponto de comerter erros crassos de Português e me deixar sem conseguir manter uma discussão num nível decente.Vai fazer piadas e divertir as minhas amigas e depois me abraçar na frente delas. Vai aparecer pra me ver com um bombom de chocolate (só um!) quando eu não estiver esperando.

E, sobretudo, ele vai olhar pra mim e não vai querer me largar mais.

Pronto. Tô namorando. Viu como é fácil?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Alguém Total

"Vem me abraçar, vem... Vem reparar bem quem é que abraçou quem, pois vou lhe abraçar também. Quem dá um abraço não sabe se deu ou se devolveu ou se perdeu. Quando o abraço sai de alguém e não volta, não envolveu. Anunciou, renunciou, dissolveu. Quem quer um pedaço, um pouco de alguém, abraçando tem! E ainda mais: se o abraço for além de um minuto, aí é fatal! Envolveu e você tem um alguem Total."
(Ceumar)

Nota da Blogueira: Ando precisando MUITO de um abraço desses.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Eu ainda morro de arritmia cardíaca...


É que meu coração cada hora bate de um jeito.

Ora quer o feijão, ora o sonho. Ora quer amar, ora quer fechar pra balanço e virar velha ermitona; ora ama, ora odeia, ora quer seguir os sonhos alheios, ora os seus e ora não sabe muito bem quais são seus sonhos...

E aí é com os olhos já (quase) secos que eu consigo seguir de novo.

Minha mãe, com a minha idade, já era minha mãe. Eu, com a idade dela, já tenho um diploma. Talvez mentalizando assim as coisas se contrabalanceiam e Papai do Céu resolve me dar um bônus de tempo, me dando uma reprimenda branda e até um tanto condescendente por ainda não ter entendido de fato o que é que eu estou fazendo aqui.

Eu não acredito mais no ideal utópico de realização pessoal. Mas tampouco acho que deve ficar sempre dividida entre o Feijão e o Sonho. Também não acho que deva optar por um dos dois. Não faço a menor idéia do que vou escolher ou do que vem por aí - e de repente me ocorreu que a maioria das pessoas provavelmente também não sabe.

Como todo mundo, eu vou achar o meu jeito. Todo mundo acha, e todo mundo chora e todo mundo ri algumas vezes. Jajá eu me ponho nos trilhos de novo, é só esse ano de 2008 que tá demorando muito pra acabar.